Publicado em 13 de agosto de 2019
Uma dificuldade comum ao tratar do início de um projeto é conseguir fazer com que os métodos utilizados durante o processo sejam o suficiente para garantir uma entrega de qualidade e que atenda à sua proposta inicial. Foi diante desse cenário que as metodologias de desenvolvimento ágil foram criadas e se tornaram peças de grande importância em execuções bem-sucedidas.
Manter uma equipe produtiva, cuidar para que haja boa comunicação entre membros e manter tudo alinhado com o escopo do projeto pode não parecer tão complexo à primeira vista, mas é fácil perceber quanta complexidade há nessa tarefa.
É por isso que tem sido cada vez mais comum ver a implantação de metodologias ágeis e inovação nas empresas. Essa decisão tem melhorado a eficiência das rotinas e isso vale para o desenvolvimento de qualquer produto, seja ele digital ou não.
Portanto, no post de hoje falaremos detalhadamente sobre esse tema. Contaremos melhor o que são essas metodologias, como surgiram, quais são as suas vantagens, além de citarmos quais são as principais delas. Quer conferir tudo isso? Então continue a leitura e saiba mais!
De forma sucinta, uma metodologia de desenvolvimento ágil é uma alternativa ao modelo convencional de gestão de projetos, que conta com etapas bem específicas. Enquanto isso, métodos ágeis são compostos de iterações curtas, que dão mais flexibilidade à produção.
Essas iterações curtas são ciclos incrementais que dão a adaptabilidade necessária em diversas situações. A ideia aqui é gerar melhoria de forma contínua, tanto para as equipes envolvidas, quanto para o produto desenvolvido.
Algumas definições apontam, ainda, que as metodologias de desenvolvimento ágil buscam ir contra a burocracia e toda a papelada que conhecemos, visto que o foco passa a ser o que irá, de fato, agregar valor à produção.
Um outro ponto é que os ambientes de desenvolvimento ágil costumam ser criados por equipes multidisciplinares e que sejam capazes de se organizarem em prol do alcance de metas e objetivos.
Além disso, vale notar que a utilização desses métodos é global, visto que são mais eficientes e rendem mais do que os modelos convencionais.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Toyota desenvolveu o Toyota Production System — também conhecido como Lean Manufacturing. O TPS é um sistema de produção que visa reduzir custos por meio da redução de desperdícios.
Ao tratar da origem dos métodos ágeis, é comum a associação ao sistema criado pela Toyota. Entretanto, no artigo The New Product Development Game, escrito pelos professores Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka, são abordados diversos aspectos de produção iterativa e, por conta da similaridade com os conceitos de metodologias ágeis, também existe uma associação com o artigo.
Apesar disso, o termo “método ágil” só foi efetivamente criado na formação do Manifesto Ágil, que ocorreu em 2001.
Ainda que diversas metodologias tenham sido utilizadas no século XX, foi apenas em 2001 que um grupo com 17 integrantes se reuniu para discutir sobre essas técnicas de desenvolvimento de projetos.
Foi a partir daí que surgiu o Manifesto Ágil, um documento que se tornou o símbolo da existência das metodologias ágeis e define quais são seus princípios. Entre esses princípios, estão:
comunicação: garantir, antes dos processos e ferramentas, a interação entre os membros do time;
praticidade: prioridade ao funcionamento dos sistemas em vez de uma documentação extensa;
alinhamento de expectativas e colaboração: cooperação nas rotinas com o cliente e equipe, antes do foco em contratos e negócios;
adaptação e flexibilidade: priorizar a capacidade de resposta a mudanças, em vez de simplesmente seguir um plano;
As metodologias ágeis contam com uma série de vantagens em relação às formas tradicionais de gestão de projetos. São benefícios internos e externos, respaldados por diversos estudos e pesquisas.
Nesse sentido, o aumento de produtividade, a satisfação dos membros das equipes e a melhoria da gestão e do acompanhamento das atividades estão entre os principais pontos citados na segunda edição da pesquisa State of Agile, em 2017.
A questão é que esses métodos ajudam a eliminar reuniões improdutivas, planejamentos desnecessariamente longos, excesso na hierarquização e na divisão de departamentos, microgerenciamento e, consequentemente, o risco de desenvolver produtos ou serviços que o mercado já não necessite tanto quanto antes.
Além da maior velocidade no lançamento de novos produtos, a flexibilidade dos modelos permite uma adaptação muito mais rápida às mudanças do mercado — um fator bastante comum nos últimos anos.
Por fim, é possível notar uma clara mudança nas métricas influenciadas por equipes ágeis, considerando que há uma colaboração muito maior entre profissionais de diferentes setores e com conhecimentos distintos.
As metodologias ágeis também oferecem uma série de vantagens para os membros das equipes. Abaixo, listamos as principais delas.
É claro que essa é uma vantagem que envolve tanto a perspectiva da equipe quanto a do cliente, que receberá um produto melhor. No que diz respeito à empresa, o benefício mais notável é a possibilidade de contar com times menores e profissionais com maior experiência, o que torna todo o processo mais enxuto.
O ponto aqui é que a utilização das metodologias ágeis permite que cada equipe seja subdividida, tornando cada grupo responsável por partes menores do produto para que, ao fim de cada estágio, as atividades desenvolvidas sejam integradas às demais.
Isso é uma vantagem pois, além de ajudar a manter o foco dos colaboradores, melhora a qualidade final das entregas. Primeiro porque, ao poderem se concentrar em tarefas específicas, os desenvolvedores terão mais foco nas suas atribuições — consequentemente, essa limitação de tarefas também se torna útil para a motivação dos profissionais.
Além disso, a qualidade das entregas é melhorada pois, sem a sobrecarga de atividades, os colaboradores poderão ter mais disponibilidade para aplicar a excelência técnica desejada nos produtos.
No modelo tradicional, o feedback do cliente só é recebido quando o produto está pronto, o que aumenta as chances de erros na implementação ou insatisfações quanto à qualidade e ao alinhamento com o que foi idealizado.
Nesse sentido, as metodologias ágeis são a solução ideal, visto que suas iterações consistem em entregas semanais ou mensais e fazem do cliente uma peça chave para o processo de desenvolvimento, por meio dos feedbacks fornecidos.
Portanto, todas essas características são essenciais para uma boa gestão de qualidade e alinhamento final do produto, visto que todos os ajustes serão feitos muito antes da sua conclusão — o que, além de tudo, melhora a satisfação do cliente e favorece o crescimento da empresa.
Os sprints fazem parte do conceito das metodologias ágeis. São reuniões que acontecem entre os membros do projeto com o intuito de estabelecer atividades para execução em um espaço de tempo também definido na reunião.
Por meio desse recurso ágil, é possível ter uma previsão de quanto tempo a equipe levará para executar uma função ou tarefa, além de ter dados mais precisos para o planejamento de cronogramas e estimativas de custo.
Assim, é possível definir com o cliente como a prioridade de recursos deve ser organizada, se haverá necessidade de sprints adicionais e, caso sim, quantos.
Considerando a participação ativa do cliente no processo de desenvolvimento, os diversos testes realizados pela equipe e o maior foco nas atividades do projeto, as falhas tendem a ser rapidamente detectadas e corrigidas, seja por meio dos feedbacks ou dos testes.
Essa redução de riscos é possível graças à liberdade proporcionada pela flexibilidade e capacidade de adaptação das metodologias ágeis. Enquanto isso, ao trabalhar com o modelo tradicional, essa vantagem é bloqueada por conta das restrições impostas pelo planejamento — o que aumenta as chances de falhas que levem mais tempo para serem corrigidas.
Existem diversos modelos que podem ser adotados pela equipe. Vale notar, além disso, que o ideal é entender que o que se busca não é a melhor metodologia, mas sim a que melhor se adapta às necessidades da empresa. Assim, confira abaixo quais são os principais tipos de métodos ágeis.
O Scrum é a metodologia ágil mais utilizada atualmente e a principal razão para isso é a sua facilidade de integração a outros modelos ágeis, tornando-a aplicável não somente ao desenvolvimento de software — no qual é bastante frequente —, mas também a qualquer ambiente de trabalho.
Por ter foco na gestão do projeto, o Scrum baseia-se no planejamento iterativo e incremental que mencionamos antes, cujas reuniões são chamadas de Sprints. Nessas reuniões, o Scrum também reitera a lista de recursos a serem desenvolvidos — uma prática conhecida como product backlog.
O funcionamento da metodologia Scrum é simples: durante o andamento do projeto, cada recurso a ser implementado se torna um sprint. A partir daí, suas funcionalidades deverão ser desenvolvidas. É aí que os detalhes em questão passam do product backlog para o sprint backlog.
Após estarem no sprint backlog, as tarefas são distribuídas entre os membros do time ágil, que devem executá-las dentro de um prazo definido e que normalmente é menor do que quatro semanas.
Por fim, ao finalizar um sprint, é realizada uma sprint review, isto é, uma reunião para alinhar o que foi executado com os objetivos do projeto e eventuais pontos levantados pelo cliente. Além disso, é no sprint review onde o próximo ciclo é planejado, repetindo esse processo até que o desenvolvimento do produto esteja efetivamente concluído.
O Kanban nasceu como uma metodologia para gestão de tarefas, mas hoje é muito utilizada no desenvolvimento de projetos por conta da sua principal característica, que é a possibilidade de visualizar o andamento de tarefas.
Para utilizar essa técnica, é preciso, antes de tudo, dividir tudo o que precisa ser feito no projeto em pequenas partes. A partir daí, cada uma dessas atividades pode ser inserida em um pequeno post-it.
Para acomodar esses post-its, deve-se utilizar um quadro dividido com as fases ou etapas pelas quais cada tarefa deve passar. Um exemplo comum é dividir o quadro em três seções com os títulos “para fazer”, “fazendo” e “feito”. Nesse modelo, todas as tarefas partem da primeira seção e avançam conforme são executadas.
Dessa forma, o gestor consegue visualizar o andamento do projeto de forma mais detalhada e adaptar as seções do quadro, conforme a necessidade.
A Iterative Development — ou simplesmente desenvolvimento iterativo — é uma metodologia precursora do Agile. A sua principal diferença é que, no desenvolvimento de software, a codificação só inicia após cada fase da aplicação ser revisada e os testes, de forma semelhante, só começam quando o código está feito.
Além disso, esse método depende de uma grande aplicação de desenvolvimento de software, já que o processo será dividido em pequenas partes que serão projetadas e testadas em iterações, até a conclusão do projeto.
A cada ciclo, podem ser implementados e testados novos recursos, de forma que a aplicação final seja totalmente compatível com as necessidades do cliente.
Apesar de o desenvolvimento iterativo ser um método fácil de combinar com aspectos do modelo em cascata, não há um modo específico de implementá-lo, o que pode torná-lo inadequado para times com pouca experiência.
A eXtreme Programming — também conhecida como XP — foi uma metodologia criada nos anos 90 com foco no desenvolvimento de software baseado em três pilares: agilidade na criação do sistema, economia de recursos e qualidade na entrega final.
Para chegar à máxima qualidade de software por meio desse método, a equipe precisa ter esses valores como base, de forma que haja um compromisso com o comportamento e atitudes que levem ao objetivo do projeto.
Essas atitudes são de quem direcionam um time XP em cada uma das suas atividades e garantem a integração e sincronia necessárias. Implicitamente, esses pilares dão importância à comunicação, simplicidade, respeito, coragem e ao fornecimento de feedbacks, sendo valores fundamentais para um time XP.
Além disso, essa metodologia ágil também carrega nas suas definições as melhores práticas de desenvolvimento, que buscam garantir a efetividade do trabalho desempenhado pela equipe e, consequentemente, a satisfação do cliente durante todo o processo. As principais delas, são:
utilização de metáforas;
reuniões de planejamento;
integração e melhoria contínua;
testes de aceitação;
mudanças incrementais;
breves reuniões diárias, para alinhamento;
entregas frequentes ao cliente;
simplicidade no design e funções;
Desenvolvida na Ásia no final dos anos 90, a Feature Driven Development — ou simplesmente FDD — é uma metodologia que une as melhores práticas encontradas em diversos outros métodos. Basicamente, a ideia é dar foco às funcionalidades, de forma que o time de desenvolvimento possa realizar um planejamento por fases.
Esse modelo de atuação é útil para dar agilidade à criação do produto em cenários incertos, onde não é possível evitar as mudanças. Além disso, visto que a FDD é uma ferramenta focada no desenvolvimento, ela pode ser facilmente integrada ao Scrum, o que pode ser bastante útil em diversos cenários.
A programação por FDD inicia-se com um panorama do negócio, considerando que essa metodologia define que o todo é mais importante do que as partes. Depois disso, o próximo passo é a especificação do produto, seguida da divisão por áreas de desenvolvimento e, por fim, o detalhamento de cada funcionalidade.
Como toda metodologia ágil, a Feature Driven Development também conta com um conjunto de melhores práticas que favorecem a criação de um ambiente adequado para desenvolvimento de projetos. Nesse conjunto, estão:
desenvolvimento por funcionalidade;
cada função sob responsabilidade de um desenvolvedor;
presença do controle de qualidade em todas as etapas do projeto;
gestão adequada das configurações;
integração contínua;
planejamento de forma incremental;
testes de software;
O Microsoft Solutions Framework é um dos métodos de desenvolvimento ágil mais utilizados na criação de soluções com equipes pequenas e foca na redução dos riscos para a empresa e na qualidade do projeto. A ideia é detectar onde estão os erros mais comuns nos projetos de tecnologia e eliminá-los, aumentando, consequentemente, as chances de sucesso de cada etapa.
Assim, da mesma forma que o Scrum, o MSF foca mais na gestão do projeto do que no desenvolvimento do produto, tendo como principais premissas o alinhamento entre a tecnologia criada e os objetivos do cliente, detalhamento de escopo, desenvolvimento iterativo, gestão de riscos e, ainda, a agilidade em eventuais alterações.
Além disso, da mesma forma que acontece com outras metodologias ágeis, o MSF também conta com melhores práticas que precisam ser consideradas pelo time para que o nível de qualidade esperado seja alcançado, tanto no desenvolvimento quanto na entrega do produto. Esses princípios são:
manter uma comunicação clara e aberta entre os colaboradores;
compartilhar a visão do negócio entre todos os membros;
contar com profissionais capacitados;
atribuir responsabilidades e definir papéis no começo das atividades;
realizar entregas de forma incremental;
ter flexibilidade para realizar mudanças, caso necessário;
manter o nível de qualidade das entregas;
aprender constantemente com a experiência obtida;
realizar parcerias com clientes;
O Dynamic System Development Model é uma das metodologias ágeis pioneiras no meio tecnológico — não apenas no desenvolvimento de projetos.
Esse método se difere um pouco dos demais por ser dedicado ao desenvolvimento de soluções com prazos mais curtos e nos quais o orçamento seja fixo, já que leva em consideração as situações nas quais o cliente não tenha como determinar quanto o projeto final custará.
Entre as melhores práticas do DSDM, é possível encontrar diversos conceitos já conhecidos, como o desenvolvimento iterativo e incremental, integração contínua das funcionalidades desenvolvidas e a colaboração entre os membros da equipe e o cliente.
É importante notar, ainda, que esse método também tem uma estrutura diferente da que normalmente é vista em outras técnicas. Na DSDM, essa composição se dá por meio da interligação de processos de modelagem, concepção, desenvolvimento e implantação. Além disso, como há a restrição do tempo, eventuais alterações não podem exceder os prazos definidos.
O Lean Startup é um método ágil que surgiu dentro do cenário das startups, mas é muito utilizado no desenvolvimento de produtos.
É bastante recomendado para negócios que precisem validar hipóteses e é dividido em três principais etapas: construir, medir e aprender. Um dos focos do Lean Startup é detectar e mitigar de forma eficaz todos os desperdícios dentro de uma empresa ou em um projeto.
Nesse modelo, utiliza-se somente o que é necessário para a execução das tarefas e os conceitos de simplificação de processos, melhoria nas entregas, redução de custos, compartilhamento de informações e aumento de produtividade estão presentes de forma contínua.
A metodologia Smart é uma ótima alternativa para casos onde é necessário definir metas de forma mais real e atingível, tanto para um negócio quanto para rotinas pessoais. Para utilizá-la, basta apenas que o profissional tenha em mente os princípios da técnica — que são indicados pelas letras S, M, A, R, T.
A primeira inicial, a letra S, vem de Specific, indicando que antes de tudo, a meta deve ser precisa ser clara e específica o bastante. É necessário abordar apenas um ponto por vez, sem abrir espaço para interpretações ambíguas ou errôneas.
Já a inicial M carrega a palavra Measurable, isto é, sua meta precisa ser mensurável e quantificável. Assim, é fundamental sempre definir metas precisas e de forma numérica, para que, quando alcançadas, seja possível comprovar isso.
Enquanto isso, a letra A vem de Attainable. Isso significa que as metas definidas precisam ser desafiadoras, mas alcançáveis. Para isso, é importante considerar o tempo definido e as condições de dar andamento ao projeto.
Partindo para a letra R do nome dessa metodologia — que significa Relevant —, tem-se que é inútil atingir uma meta se não há resultado ou impacto algum para o indivíduo ou para o negócio. Portanto, no momento que uma meta for definida, é de grande importância se certificar de que são relevantes.
Por fim, Time-related é a palavra-chave da última letra. Nela, define-se a importância de que exista um prazo máximo para o alcance dessa meta. Assim, evita-se que a procrastinação roube o andamento do projeto e, além disso, é possível medir de forma mais precisa se os objetivos foram ou não atingidos.
Percebe-se, portanto, que contar com metodologias ágeis, em processos de desenvolvimento de software, é uma das melhores formas de criar um sistema de gestão flexível, mas eficiente. Desse modo, se torna mais simples manter prazos, produtividade, reduzir custos e alinhar o produto com os objetivos do cliente.
Entendeu como as metodologias ágeis podem ser úteis para o seu negócio? Então não deixe de compartilhar esse post nas suas redes sociais para que seus amigos possam aprender sobre essas técnicas!